domingo, 24 de agosto de 2008
domingo, 17 de agosto de 2008
Dendrobates tinctorius (população Agreja, da Guiana Francesa)
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
“O que que a Bahia tem?” - Lindos Killifishes!!!
Neste pequeno relato, procurei descrever que além das suas belas praia, paisagens e delícias da chapada diamantina, das variadas culturas, das grandes festas populares, da arquitetura colonial, dos maravilhosos pontos turísticos da sua capital e do marco do descobrimento do Brasil; a Bahia apresenta também outras maravilhas!!!
Mesmo no meio científico brasileiro as informações sobre os killifishes são pouco difundidas. Me arrisco a afirmar que mesmo entre muitos biólogos, na maioria das vezes o desconhecimento é total.
Simpsonichthys fulminantis (População Guanambi-Bahia)
Este é um dos fatores que os torna tão vulneráveis e suscetíveis à extinção, como aliás, já vimos acontecer com algumas espécies nos últimos anos.
Simpsionichthys macaubensis
Afinal, é comum o aterramento de brejos habitados por estes maravilhosos peixes sem que se tenha a mínima idéia da existência de centenas de peixes num local onde até pouco tempo atrás não havia água...
A Bahia é o estado com a maior quantidade de killifishes em todo o Brasil, abrigando mais de 30 espécies de 6 gêneros diferentes, dentre as quais estão alguns dos peixes ornamentais mais belos do mundo (especialmente no gênero Simpsonichthys, o meu preferido).
Cynolebias gilbertoi
Este fato pode se dever ao grande tamanho do estado, que abriga desde um dos mais preservados remanescentes de mata atlântica do Brasil, até grandes extensões de restinga, caatinga, áreas desérticas e de dunas continentais, florestas de altitude e cerrado. Aliado a esta diversidade de ecossistemas, a Bahia ainda abriga a maior parte da extensão do Rio São Francisco, um dos maiores Rios do Brasil e extremamente rico na sua diversidade de organismos aquáticos.
Simpsonichthys myersi
Devido ao grande grau de endemismo peculiar aos Rivulideos, é comum que se conheça somente um único local ou poça que abrigue determinadas espécies. Isto torna ainda mais importante a conservação de cada poça, e consequentemente, das espécies que nelas vivem.
Simpsonichthys picturatus
Muitas espécies têm ocorrência conhecida somente na Bahia, mas algumas foram inicialmente observadas em estados que fazem fronteira com a Bahia (MG, PE, ES) e posteriormente também foram encontradas na Bahia.
Cynolebias paraguassuensis
1 - Cynolebias albipunctatus
2 - Cynolebias altus
3 - Cynolebias attenuatus
4 - Cynolebias gibbus
5 - Cynolebias gilbertoi
6 - Cynolebias itapicurensis
7 - Cynolebias leptocephalus
8 - Cynolebias paraguassuensis
9 - Cynolebias perforatus
10 - Cynolebias vazabarriensis
11 - Leptolebias leitaoi
Rivulus bahianus
13 - Rivulus decoratus
14 - Rivulus depressus
Prorivulus auriferus
18 - Simpsonichthys bokermanni
19 - Simpsonichthys carlettoi
20 - Simpsonichthys fulminantis
21 - Simpsonichthys flagellatus
22 - Simpsonichthys flavicaudatus
23 - Simpsonichthys ghisolfii
24 - Simpsonichthys hellneri
25 - Simpsonichthys igneus
26 - Simpsonichthys macaubensis
27 - Simpsonichthys magnificus
28 - Simpsonichthys mediopapillatus
29 - Simpsonichthys myersi
30 - Simpsonichthys perpendicularis
31 - Simpsonichthys picturatus
32 - Simpsonichthys rosaceus
33 - Simpsonichthys suzarti
Simpsonichthys carlettoi
domingo, 10 de agosto de 2008
Reprodução do Trichogaster leeri
Foto: Macho de Trichogaster leeri.
Ficha técnica:
Espécie: Trichogaster leeri (Bleeker, 1852)
Nome popular: Gurami-pérola ou simplesmente Leri.
Origem: Sudoeste asiático (Malásia, Sumatra e Burma)
Temperatura ideal: 23 - 30ºC.
pH: 6,5-7,0
dH: 4 a 8º (mole, porém, sem grandes exigências)
Tamanho: 9-14 cm
Maturidade sexual: quando alcançam tamanho superior a cerca de 6,0 cm.
Alimentação: Onívoro
Comportamento: Pacífico e de nado lento
Dimorfismo sexual:
♂ : os machos, normalmente de corpo maior e mais esguio que as fêmeas, apresentam uma coloração alaranjada suave que se estende da boca até a nadadeira anal, têm nadadeiras dorsal e anal maiores, com os últimos raios da nadadeira anal mais desenvolvidos, formando uma bela fileira de finos fios tracejados de preto e branco.
♀ : as fêmeas são pouco menores que os machos, apresentam cores mais discretas (sem o forte laranja dos machos), são pouco menores e têm o corpo sutilmente arredondado, com a região ventral abaulada, além de nadadeiras arredondadas e com limites bem definidos.
Foto: Fêmea de Trichogaster leeri
Este lindo peixe é um dos meus peixes preferidos e mais indicados para aquários comunitários, pois, apesar de adquirir um tamanho considerável, tem uma boca diminuta, o que o torna incapaz de comer os peixes menores. Seu temperamento é pacífico e seu nado é suave e lento, não causando stress aos outros peixes do aquário.
Costumam permanecer essencialmente na superficie do aquário, pois como possuem o órgão labirinto característico dos Anabantídeos, respiram o ar de fora da água, motivo pelo qual não necessitam de aeração no aquário. Porém, são peixes curiosos e promovem expedições contínuas pelo aquário, onde exploram tudo ao seu redor com as suas nadadeiras pélvicas que são adaptadas em 2 filamentos utilizados como 2 "braços" independentes.
Sua reprodução é conseguida facilmente, e acontece na forma padrão dos Anabantídeos, com os machos construindo do ninho de bolhas, abraçando a fêmea e cuidados sozinho dos ovos e filhotes.
O aquário ideal para reprodução não precisa ter grandes dimensões, mas deve ter esconderijos como plantas flutuantes pedras etc., para a fêmea descansar do assédio do macho. O aquário de reprodução não necessita de filtragem ou aeração, visto que estes peixes respiram o oxigênio de fora da água e os equipamentos de aeração ou filtragem promovem movimentação na superfície da água, o que atrapalha ou mesmo impossibilita a construção do ninho para o depósito dos ovos.
Após a colocação do casal no aquário de reprodução, esta ocorre naturalmente após cerca de 5 a 30 dias, desde que os peixes tenham idade reprodutiva e estejam bem alimentados.
Inicialmente o macho constrói um ninho de bolhas na superfície da água com sua própria saliva. Normalmente os peixes constroem seu ninho em meio a plantas de superfície, troncos, cantos do aquário ou qualquer coisa que promovam alguma sustentação ou segurança ao ninho. Alguns criadores de Anabantídeos usam pequenos pedaços de saco plástico (de 10 x 10 cm) na superfície da água, sob os quais os peixes costumam fazer seus ninhos.
Após a construção do ninho, o macho persegue insistentemente a fêmea até que esta se dirija sob o ninho, onde o macho abraça a fêmea, forçando-a a expelir os ovos. Este processo se repete muitas vezes e em cada abraço a fêmea solta cerca de 5 a 30 ovos, que são coletados pelo macho com a boca e depositado no ninho. Normalmente a desova e compõe de 300 a 1000 ovos.
Foto: Ovos de Trichogaster leeri em ninho feito pelo macho.
Ao final da desova a fêmea deve ser retirada do aquário de reprodução, pois será vista pelo macho como uma ameaça aos ovos. Assim, nesta ocasião o macho se torna violento com sua parceira e tenta deixá-la o mais distante possível do ninho, ocasião em que se convém retirá-la do aquário de reprodução.
Foto: Fazes do desenvolvimento dos ovos no ninho do Trichogaster leeri
O ninho com os ovos é cuidado permanentemente pelo macho que reforça a todo instante o ninho de bolhas. Os ovos têm uma coloração amarelo opaca e se desenvolvem rapidamente. Com apenas 48 horas eclodem e os alevinos recém nascidos promovem pequenos nados verticais até que consumam todo o conteúdo vitelino. O macho ampara e coleta com a boca os filhotes que caem do ninho e não conseguem retornar sozinhos, recolocando-os no ninho novamente.
Foto: Macho de Trichogaster leeri cuidando do ninho e protegendo os ovos.
Após 48 horas, os pequenos peixes, com cerca de 3 mm, já consumiram todo o teor do saco vitelino e inicial o nado em posição horizontal em busca de alimento. Neste momento é interessante que seja retirado o macho do aquário de reprodução, uma vez que os filhotes já se tornaram independentes. A coleta do macho pode ser feita com a mão do aquarista, pois a rede de coleta pode capturar também alguns filhotes.
Foto: Filhotes de Trichogaster leeri com cerca de 36 horas de vida.
A alimentação do filhotes deve ser o mais variada possível, compondo-se especialmente de microorganismos vivos tais como: infusórios, microvermes, náuplios de artêmia recém eclodidos, rotíferos etc. Pode-se ainda complementar a alimentação dos alevinos com gema de ovo cozida (diluída em água e despejada diretamente no recipiente dos filhotes), com ração em pó para alevinos etc., mas estes alimentos sujam excessivamente a água, pelo que se convém oferecer-lhes em porções muito moderadas.
Os filhotes crescem rapidamente, se bem alimentados, com cerca de 3 meses já adquirem o tamanho comercial de aproximadamente 7,00 cm.
O casal reprodutor recupera-se bem do stress da reprodução, estando pronto para reproduzir novamente após 10 a 20 dias.
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Linda Phyllomedusa nordestina!
Depois de muitas viagens exploratórias pela bacia do Rio São Francisco, em junho de 2008 tive uma feliz surpresa, quando, olhando mais atentamente para o que normalmente não dava a mínima atenção, percebi uma das criaturas mais lindas e simpáticas que já tive contato: as Phyllomedusas.
Foto: Jovens exemplares de Phyllomedusa nordestina
Foto: Ponte sobre o Rio São Francisco, em Ibotiraba-Bahia-Brasil
Assim, foi com muita alegria que percebi pequenos exemplares de Phyllomedusa nordestina numa das poças conhecidas do Simpsonichthys adornatus, um dos muitos killifishes da região.
Apesar da coloração verde ser o que mais chama atenção neste animal, percebi que eles têm a capacidade de praticar mimetismo, adquirindo diversos tons de verde (desde o limão até o verde-musgo) e alcançando até o marrom, de acordo com a superfície onde estejam. Esta capacidade de se mimetizar, aliado ao fato de se movimentarem muito lentamente num padrão parecido com os bicho-preguiça (gêneros Bradypus e Choloepus), faz com que estas pererecas se tornem praticamente invisíveis aos seus predadores. São encontradas em grande parte do semi-árido do nordeste do Brasil, com sutis diferenças entre as diversas populações.
Possuem hábitos arborícolas e permanecem a maior parte da vida nos galhos das árvores, entre 1 e 5 metros de altura. Na ocasião não percebi vocalização, pois este animal são noturnos e tive contato com eles no início da tarde, quando o sol ainda era bastante intenso. Porém, apresentam vocalização discreta com um padrão rouco e grave, parecido com um "tróóc-tróóc" (Freitas e Silva, 2007).
Durante todo o dia estes animais normalmente permanecem imóveis sobre folhas ou troncos com coloração idêntica a estas superfícies, de modo que realmente foi uma grande sorte percebe-los nas margens do biótopo, que era uma grande poça, com aproximadamente 500 m de comprimento e apenas 10 metros de largura em seu ponto mais largo. Esta poça, localizada na margem esquerda do Rio São Francisco, tinha cerca de 0,60 m de profundidade e temperatura entre 22 e 28ºC. Tinha ainda suas margens infestadas por vegetação composta essencialmente de Echinodorus sp., cujas robustas folhas, fora a água, servem de abrigo aos ovos das Phyllomedusas. Ainda nas margens da poça, mas desta vez fora da água, a vegetação comum da caatinga, espinhosa e de cerca de 4 metros, deveria abrigar diversas Phyllomedusas repousando até a próxima noite, quando saem para se alimentar e reproduzir.
Assim, após esta surpresa, apesar de um grande curioso e apaixonado pela natureza, lembrei que já havia me deparado com os girinos desta espécie muitas vezes em excursões anteriores, mas nunca tinha dado a devida atenção. Isto demonstra o quanto a falta de conhecimento nos cega para muitas maravilhas e surpresas da natureza.
Acredito realmente que a falta de conhecimento seja um dos maiores riscos para a natureza em geral, pois sem este, os homens continuaram destruindo e depredando, muitas vezes sem ao menos terem noção do mal que causam à natureza e a si próprios em conseqüência.
Enfim, a experiência que tive com estes animais lindos e dóceis, abriu meus olhos, tornando-me um novo amante e defensor não somente dos killifishes, mas agora também do rico mundo da herpetologia e da natureza em geral!
Esta linda perereca é criada como hobby em todo o mundo, onde são chamadas popularmente de rãs-macaco. No Brasil, sua criação ainda é proibida pelos órgãos governamentais, como acontece com muitos outros répteis, anfíbios, aves e até insetos brasileiros.
Infelizmente esta proibição, aliada com políticas de educação deficientes (que não incentivam pesquisas e o desenvolvimento da ciência entre jovens, nas escolas e universidades) e com a falta de fiscalização, acabam por fortalecer o contrabando de animais silvestres e fomentando a ilegalidade, enquanto mantém na clandestinidade muitos pesquisadores sérios, amantes da natureza. Muitos animais nacionais são criados amplamente no exterior e explorados científicamente, enquanto no Brasil, pouco ou nada se sabe sobre eles...
Referêcias:
FREITAS, Marco Antônio de; SILVA, Thais Figueiredo Santos. Guia Ilustrado: a herpetologia das caatingas e Áreas de altitude do nordeste brasileiro. Pelotas: USEB, 2007.
Porque escolher um peixe como animal de estimação?
Muitas vezes as pessoas têm vontade de ter um animal de estimação, para si, ou para o filho que está doido para ter um bichinho, mas não sabe o que escolher por inúmeras razões. E realmente essa escolha deve ser bem pensada.
Muitos peixes reconhecem o dono quando chegam em frente ao aquário. Ficam agitados quando você vai alimentá-los, se abrem, dão piruetas. Então, existe sim um contato com esses animais. Se você tiver os cuidados com manutenção e servir sempre alimentos de qualidade, eles vivem bastante tempo.
Você também terá um momento de relaxamento em frente ao seu aquário. Imagine chegar cansado em casa do trabalho, sentar em frente ao seu aquário, colocar uma boa música e ficar relaxando vendo os peixes nadando calmamente. O relaxamento com os aquários é comprovado cientificamente.
Sejam bem vindos!
Estamos iniciando as atividades do nosso novo blog: "BioAquaBrasil".Aqui estaremos escrevendo sobre aquariofilia, expedições e visitas a biótopos, répteis e anfíbios, além de nossas experiências e pesquisas nesse incrível mundo.
Contamos com a participação de todos!!!
Cláudio Pires e Rogério Suzart